23.9.10

silvinha.

não sei por onde andava, só sei que encontrei. chorei e ri ao mesmo tempo, de um jeito que não fazia há meses. anos talvez. quanta coisa preciosa entreguei de graça e quanta coisa simples escondi por uma vergonha sem cabimento...
talvez vocês tenham conhecido primeiro o que normalmente se conhece só depois. mas hoje...
hoje foi diferente.

é como se eu me conhecesse há vinte anos...

3.9.10

esse tal de rock'n'roll.

(eu fiz uma música:)




pedrinho já não se aguentava mais
pensava seriamente em matar os pais
planejou por um segundo
explodir o resto do mundo
mas no fundo
se dizia: não é assim que se faz

e a vida lhe privou de amor
seu coração em mil pedaços ficou
(mudo)

pedrinho se trancou
na sua imensidão
não tinha nem mais como
lhe estender a mão
o carnaval emudeceu
e os palhaços choraram
pelo coração gelado
nem os que ficam ficaram

porque a vida lhe privou de amor
seu coração em mil pedaços ficou
desconsolado


o tempo se passou
e se perdeu ao mesmo tempo
mas pra pedrinho a persistência
era o seu alimento
um dia andava em vão
numa tarde de domingo
foi quando descobriu
que as rosas tem espinho
e por um instante
teve a coragem de ter medo
sentiu como se esse fosse
seu maior segredo

e a amargura se mostrou
seu coração batendo forte ficou
inesperado

pedrinho se encontrou
de repente em outro estado
não por ventura se deixou
ser descontrolado
pedrinho ainda passa
por tempos pesados
mas agora faz do caos
legalizado


e não perde mais o seu calor
seu coração sem vergonha ficou

pedrinho agora é livre
(no caos)
pedrinho agora vive
(no caos)

27.8.10

beleza é:

um cara disse uma vez que se fosse possível observar claramente o milagre de uma única flor, toda a nossa vida se transformaria.

afficere.

segredo por trás do que nunca é só o que parece:
já me chamaram de utópica, romântica, ingênua e excessivamente otimista. quase nunca fui dada a chance de me fazer entender e, do pouco que fui, explodi tão forte por dentro ao falar, que é totalmente justificável que quem me ouve não tenha conseguido enxergar por trás da minha cara maravilhada e daqueles olhos que vão se abrindo em cores quando falamos de amor.
amor.
o único sentimento que não cabe nessa palavra é a indiferença. todo o resto é pequeno demais pra não estar nela.

posso ser enfim ouvida sem que o que se vê atrapalhe:

um dia fiquei fora de mim quando percebi. os nossos erros e maldades todos são passíveis de compreensão de acordo com nosso tempo interno. ou o externo, pra quem vê pouco. sempre cagamos pois estávamos cagados. os outros são isso ou aquilo, enquanto nós estávamos numa fase de ser aquilo outro.

que nunca fazemos isso com os tais dos outros.
e não digo só dos outros que dizemos amar. mas qualquer outro, aquelas pessoas que perdemos a chance de conhecer por um julgamento exatamente igual àquele que odiamos tanto quando fazem com a gente.

ué. se buscamos e no fundo necessitamos tanto da compreensão do outro, o mais óbvio a fazer é tratá-los como gostaríamos que nos tratassem. o resto parece loucura. até porque, não conhecemos (e nunca vamos conhecer) em absoluto outra forma de amor se não a nossa. é nossa única referência: estamos presos em nós mesmos até o fim.
óbvio.
eu é a única coisa presente a vida toda. o resto passa. afeta. mas passa...
se eu e vida são conceitos tão absolutamente inseparáveis; faz sentido dizer que
a melhora de um
seja
a melhora do outro
e vice-versa.
...


compreendida a dimensão das almas, fica claro que o outro que não eu é mais que eu em muitos pontos e menos que eu em muitos outros. mas nenhum dos dois em absoluto.

foi o egoísmo mais saudável que já encontrei: somos enormes por dentro e abertos pra fora. somos esponjas. encontrar o que o outro tem a mais que você (sempre terá, almas são profundas) é; além de presentear-se com uma chance de conhecer algo que funciona diferente; absorver um mais a mais em si mesmo.
é, então,
melhorar-se,
ou seja,
fazer da vida mais bonita
conosco
e com o outro.

outro esse que indiferente nunca é (quem não sabe que só um olhar desconhecido é capaz de nos causar tempestades internas?).
pois podem me limitar a palavra que for,
eu nunca vou deixar de colorir meus olhos ao dizer:

amo todo mundo.

porém...

são poucos os que eu admiro.

25.8.10

saber rir de si mesmo, por exemplo.




manifesto fidedigno.

percebi em algum momento o quanto as pessoas tem vergonha de serem pessoas. e eu me incluo nessa.
é esse mundo de perfis virtuais, rótulos e propagandas pessoais. é esse mundo de tentar se mostrar o mais legal, o mais engraçado, o mais bonito, o mais isso, o mais aquilo. esse mundo que todo mundo, ou esconde seus defeitos, ou deixa-os atingirem a todos em sua volta excessivamente por uma revolta psicologicamente justificada de não conseguir simplesmente ser.

sinto-me num tabuleiro às vezes. há joguinhos pra tudo. não só pra seduzir no sentido mais óbvio, mas agora joga-se para parecer interessante ou qualquer outra coisa, não importa, o que importa é o PARECER.
e aí a beleza, do meu último post, se esconde, meio a um mundo que espera uma beleza chula de todos nós.
e aí as pessoas se envergonham de se libertar.
não? então pergunto: quem nunca deixou de dançar na rua pra não PARECER ridículo? ou deixou de sorrir enquanto caminha pra não PARECER estúpido? deixou de amar quem se ama em público pra não PARECER bobo? deixou de se irritar com algo que não parece óbvio de se irritar pra não PARECER ranzinza? deixou de correr quando se tem vontade pra não PARECER louco? deixou de falar merda pra não PARECER idiota? deixou de falar sério pra não PARECER prepotente? deixou de ser quem é, pra PARECER ser aquilo que não é.

o irônico é que, no final, mesmo que pela lógica escrotinha desse mundo, os livres se dão melhor do que os que PARECEM um quadrado fechado de rótulos. simplesmente pq, mesmo que às vezes esqueçamos, somos todos humanos.
e jogue a primeira pedra aquele que nunca se encantou por alguém livre. jogue a segunda quem nunca sentiu-se pleno simplesmente por se deixar ser.

eu já me decidi:
troco o simplismo pela simplicidade.
e torço pra que juntem-se a mim.

20.8.10

despida.

e pra provar o que defendo no final desse texto; pra contar que eu deixei o ônibus lotado de lado e passei a andar do sumaré até o itaim todos os dias, trago de brinde o segredo por trás daquilo que nunca é só o que parece ser:

sinto uma angústia daquelas que a gente só sente quando alguma coisa atinge o que somos no mais íntimo. de fato fui atingida:
sim. a mudança dos olhares por conta de 20kg de diferença foi sempre um desejo vivo do lado de dentro. até que virou real.
repito que as coisas nunca são o que parecem ser.

acontece que hoje eu desconfio das pessoas como nunca achei certo desconfiar. acontece que hoje é impossível pra mim fazer algo tão rotineiro quanto trocar um olhar profundo no metrô lotado sem que pelo menos um homem ache que eu quero abrir minhas pernas pra ele.
acontece que hoje, se conto por ventura que já namorei mulheres e namoraria outras, ouço aquelas respostas carregadas de um machismo indiscutível: 'que desperdício'.
acontece que hoje eu já não sei distingüir quem se interessa por aquilo que eu aparento ser e quem se interessa por aquilo que eu sou.
acontece que, pra mim, aprender a conviver com gente condicionado à se manter na superfície é talvez a maior angúsita que já senti. é como se matassem aos poucos a maior preciosidade que eu conquistei durante uma vida toda...

é que,
pra mim,

beleza é outra coisa.

18.8.10

convém saber.

eu juro. juro que eu tentei fazer diferente... até perceber que estava tudo igual. é que, no fim, tudo o que grita do lado de dentro é aquela vontade que no meu ser sempre existiu: ...eu só quero ser mais bem resolvida com minha nudez.

11.8.10

sinto que fui desonesta todo esse tempo.