25.8.10

manifesto fidedigno.

percebi em algum momento o quanto as pessoas tem vergonha de serem pessoas. e eu me incluo nessa.
é esse mundo de perfis virtuais, rótulos e propagandas pessoais. é esse mundo de tentar se mostrar o mais legal, o mais engraçado, o mais bonito, o mais isso, o mais aquilo. esse mundo que todo mundo, ou esconde seus defeitos, ou deixa-os atingirem a todos em sua volta excessivamente por uma revolta psicologicamente justificada de não conseguir simplesmente ser.

sinto-me num tabuleiro às vezes. há joguinhos pra tudo. não só pra seduzir no sentido mais óbvio, mas agora joga-se para parecer interessante ou qualquer outra coisa, não importa, o que importa é o PARECER.
e aí a beleza, do meu último post, se esconde, meio a um mundo que espera uma beleza chula de todos nós.
e aí as pessoas se envergonham de se libertar.
não? então pergunto: quem nunca deixou de dançar na rua pra não PARECER ridículo? ou deixou de sorrir enquanto caminha pra não PARECER estúpido? deixou de amar quem se ama em público pra não PARECER bobo? deixou de se irritar com algo que não parece óbvio de se irritar pra não PARECER ranzinza? deixou de correr quando se tem vontade pra não PARECER louco? deixou de falar merda pra não PARECER idiota? deixou de falar sério pra não PARECER prepotente? deixou de ser quem é, pra PARECER ser aquilo que não é.

o irônico é que, no final, mesmo que pela lógica escrotinha desse mundo, os livres se dão melhor do que os que PARECEM um quadrado fechado de rótulos. simplesmente pq, mesmo que às vezes esqueçamos, somos todos humanos.
e jogue a primeira pedra aquele que nunca se encantou por alguém livre. jogue a segunda quem nunca sentiu-se pleno simplesmente por se deixar ser.

eu já me decidi:
troco o simplismo pela simplicidade.
e torço pra que juntem-se a mim.

4 comments:

Anonymous said...
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Anonymous said...

acredito que muita gente saiba e sinta tudo o que você colocou - e muito bem - em palavras. o difícil é ter coragem para dar o primeiro passo na direção oposta. ou simplesmente em qualquer outra direção. deixar o medo de lado e se desapegar. não me parece nada fácil.

lembrei de um conto do caio fernando, também. dama da noite. conhece?

Nah Safo said...

pelo grito de ao infinito e além.

sassá said...

sabe? gosto desse jeito seu que cada vez conheço um tiquinho mais, pessoinha.