27.8.10

afficere.

segredo por trás do que nunca é só o que parece:
já me chamaram de utópica, romântica, ingênua e excessivamente otimista. quase nunca fui dada a chance de me fazer entender e, do pouco que fui, explodi tão forte por dentro ao falar, que é totalmente justificável que quem me ouve não tenha conseguido enxergar por trás da minha cara maravilhada e daqueles olhos que vão se abrindo em cores quando falamos de amor.
amor.
o único sentimento que não cabe nessa palavra é a indiferença. todo o resto é pequeno demais pra não estar nela.

posso ser enfim ouvida sem que o que se vê atrapalhe:

um dia fiquei fora de mim quando percebi. os nossos erros e maldades todos são passíveis de compreensão de acordo com nosso tempo interno. ou o externo, pra quem vê pouco. sempre cagamos pois estávamos cagados. os outros são isso ou aquilo, enquanto nós estávamos numa fase de ser aquilo outro.

que nunca fazemos isso com os tais dos outros.
e não digo só dos outros que dizemos amar. mas qualquer outro, aquelas pessoas que perdemos a chance de conhecer por um julgamento exatamente igual àquele que odiamos tanto quando fazem com a gente.

ué. se buscamos e no fundo necessitamos tanto da compreensão do outro, o mais óbvio a fazer é tratá-los como gostaríamos que nos tratassem. o resto parece loucura. até porque, não conhecemos (e nunca vamos conhecer) em absoluto outra forma de amor se não a nossa. é nossa única referência: estamos presos em nós mesmos até o fim.
óbvio.
eu é a única coisa presente a vida toda. o resto passa. afeta. mas passa...
se eu e vida são conceitos tão absolutamente inseparáveis; faz sentido dizer que
a melhora de um
seja
a melhora do outro
e vice-versa.
...


compreendida a dimensão das almas, fica claro que o outro que não eu é mais que eu em muitos pontos e menos que eu em muitos outros. mas nenhum dos dois em absoluto.

foi o egoísmo mais saudável que já encontrei: somos enormes por dentro e abertos pra fora. somos esponjas. encontrar o que o outro tem a mais que você (sempre terá, almas são profundas) é; além de presentear-se com uma chance de conhecer algo que funciona diferente; absorver um mais a mais em si mesmo.
é, então,
melhorar-se,
ou seja,
fazer da vida mais bonita
conosco
e com o outro.

outro esse que indiferente nunca é (quem não sabe que só um olhar desconhecido é capaz de nos causar tempestades internas?).
pois podem me limitar a palavra que for,
eu nunca vou deixar de colorir meus olhos ao dizer:

amo todo mundo.

porém...

são poucos os que eu admiro.

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