20.8.10

despida.

e pra provar o que defendo no final desse texto; pra contar que eu deixei o ônibus lotado de lado e passei a andar do sumaré até o itaim todos os dias, trago de brinde o segredo por trás daquilo que nunca é só o que parece ser:

sinto uma angústia daquelas que a gente só sente quando alguma coisa atinge o que somos no mais íntimo. de fato fui atingida:
sim. a mudança dos olhares por conta de 20kg de diferença foi sempre um desejo vivo do lado de dentro. até que virou real.
repito que as coisas nunca são o que parecem ser.

acontece que hoje eu desconfio das pessoas como nunca achei certo desconfiar. acontece que hoje é impossível pra mim fazer algo tão rotineiro quanto trocar um olhar profundo no metrô lotado sem que pelo menos um homem ache que eu quero abrir minhas pernas pra ele.
acontece que hoje, se conto por ventura que já namorei mulheres e namoraria outras, ouço aquelas respostas carregadas de um machismo indiscutível: 'que desperdício'.
acontece que hoje eu já não sei distingüir quem se interessa por aquilo que eu aparento ser e quem se interessa por aquilo que eu sou.
acontece que, pra mim, aprender a conviver com gente condicionado à se manter na superfície é talvez a maior angúsita que já senti. é como se matassem aos poucos a maior preciosidade que eu conquistei durante uma vida toda...

é que,
pra mim,

beleza é outra coisa.

2 comments:

ý said...

isso me chega muito, em vários níveis e sentidos.
quero conversar mais com você, amor.

Nah Safo said...

que engraçado ler seu post agora, sabendo que vc o tinha escrito ontem, pq ontem, também, ainda na praia, eu escrevi algo e parece que tá rolando uma sintonia esquimó, estilo aurora boreal.

isso não faz sentido...
que estranho.